14.4.12

Como se deu a minha embriaguez

Já era tarde pra ser
A esperança aflita se foi sem mais euforia ou canção
o coração palpitava, só pela dor
Me faltava o pedaço direito, pedaço decente, de gente
aquele pedaço de aconchego, desejo, insanidade
que os lábios nem sentem mais, que os olhos bem quietos nem procuram
esse mesmo que o corpo rejeita nos abraços, nos laços, na voz
Cada pedaço que sobra se recolhe, se encolhe, se desfaz
As unhas se acabam, a pele eriçada
sem motivação, sem nada, sem nada
Não poder ter, não poder ser, não poder e não querer
Já era tarde, já era bem tarde...
E sendo tarde assim, o meu eu - lírico mortificava-se um pouco mais
Com aquele montante de idéias que já não se faziam
Esses sonhos mal sonhados que ficam dentro da gente
que nos perturbam, tiram a paz, tiram o sono, e o sonho
com essa maneira irônica, ironia, ironia
essa maneira infindável de nos apagarmos, apegarmos
e não saber como soltar pra deixar essa desgraça ir embora
Foi num desses turbilhões de pensamentos
que a tua presença se chegou, sentou, tomou lugar
Deu assim aquele suspiro e meio de pensamento mal formulado
deu a voz, o calor
Tendo sido assim, lá se foi embora aquela que me protegia o rosto
cujos olhos vazios, vazados, nada diziam, nada enxergavam
Rendendo-me todos os sentidos por fora, por dentro
Acordando os meus sorrisos incontroláveis
Dando-me enfim, não lagartas, mas belas e lindas borboletas
Dessas que costumamos guardar no estomago...


L.M.
12/04/2012

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