Quando a porta se fecha e o ônibus segue viagem, eu paro mais uma última vez e procuro um pedaço de pele, de casaco, de sapato que seja meu maior bem. Procuro uma última visão, um último aceno, uma piscadela qualquer. Eu atravesso a roleta e ando sem olhar bem pra onde, apenas esperando encarar mais uma vez os mesmo olhos doces. Nem sempre se tem.
Há quem diga que o valor da vida está nas pequenas coisas, e pra mim, são essas que mais mexem comigo. Um até logo demorado, um beijo na testa. Mas também o contrário. Quando não tem adeus demorado, sem beijo na testa. Me deixa mais desestabilizada que quando se tem, então posso dizer que é o meu valor das pequenas coisas.
Eu gosto de um abraço apertado, de um choramingo de quem não quer partir, gosto de ver no olhar a vontade de ficar pra trás. É o preço que se paga pra ser sentimental.
Às vezes tudo isso me soa como grande bobagem, eu me enfio na cobertas e aperto os olhos pra não deixar o rosto molhar. Vou dormir, afinal é noite e eu já esqueci as pequenas coisas até de manhã...