Um novo amor pode surgir a qualquer momento. Pode estar logo ao seu lado e você nem notar. Pode estar do outro lado da rua, no ponto de ônibus fazendo sinal. Pode estar dizendo boa tarde a você na padaria. Pode ser o seu melhor amigo, o seu pior inimigo, até mesmo um amigo que você sequer conhece. Talvez seja quem você sempre jurou que não ia desejar.
Porém como não é possível mandar no coração não da pra escolher. Então começamos a sorrir a toa, e sonhar e imaginar. Tentar fazer um sonho realidade e uma vontade a verdade mais pura. Ouvir músicas romanticas que lhe tragam a paz de espírito que se tem quando perto da pessoa amada... Músicas que transmitem o que o seu coração sente e você, um tolo apaixonado e inseguro, não consegue descrever. Apenas tenta se expressar sem palavras, rogando aos céus que aquela pessoa, aqueles olhos, aquela boca, sejam apenas seus. Muitas vezes suplicando até com lágrimas...
Embora nem sempre os desejos sejam ouvidos, continuam fortes e inevitáveis dentro do peito e lutam pra poder gritar. Entretanto os nosso próprios ouvidos se fecham pra aquilo que o nosso coração diz. E mais tarde a nossa insana mente, cisma que os outros deviam perceber o que dizemos sem palavras mesmo quando negamos para nós mesmos.
Então, acabamos magoados com todas as nossas carências mal resolvidas e proibidas vontades. Começamos a nos ver desmerecedores do amor, inclusive o amor próprio. Nos banimos de toda e qualquer demonstração de amor, felicidade. Criamos barreiras altas até para nós mesmos nas pontas dos pés. E mais tarde nos arrependemos pois o desamor não nos deixa ver saída alguma.
Contudo, o nosso coração é teimoso e forte. Assim, como criança. Recebe um, dois, cinco, dez avisos. Fica de castigo, sozinho e continua se machucando, sofrendo, indo a luta. Porque afinal, lá no fundo, ele acredita que a gente não só merece, mas também que é possível sim, ser todo dia um pouco mais feliz...
Ando à procura de espaço
para o desenho da vida.
Em números me embaraço
e perco sempre a medida.
Se penso encontrar saída,
em vez de abrir um compasso,
protejo-te num abraço
e gero uma despedida.
Se volto sobre o meu passo,
é já distância perdida.
Meu coração, coisa de aço,
começa a achar um cansaço
esta procura de espaço
para o desenho da vida.
Já por exausta e descrida
não me animo a um breve traço:
- saudosa do que não faço,
- do que faço, arrependida.
Cecília Meireles
para o desenho da vida.
Em números me embaraço
e perco sempre a medida.
Se penso encontrar saída,
em vez de abrir um compasso,
protejo-te num abraço
e gero uma despedida.
Se volto sobre o meu passo,
é já distância perdida.
Meu coração, coisa de aço,
começa a achar um cansaço
esta procura de espaço
para o desenho da vida.
Já por exausta e descrida
não me animo a um breve traço:
- saudosa do que não faço,
- do que faço, arrependida.
Cecília Meireles